(CADÊ OS MADUROS DESSE MUNDO?)
Quando vou a alguma empresa
participar de alguma entrevista de emprego; não vejo nenhum homem e nenhuma mulher
de idade acima dos 50 anos em atividade. Eu pergunto: onde estão essas pessoas,
senhores e senhoras? Será que todos já se aposentaram? Ou foram trabalhar como
autônomos? Ou foram para outros países? Ou já morreram? Onde estão essas
pessoas com mais experiências de vida?
A mídia, um tempo atrás, porém, não muito
distante, mostrou que as organizações estavam com certa preferência em dar
oportunidades para essa faixa etária. Será que era uma “mídia mentirosa ou
enganosa”? Ou realmente o pessoal mais velho não correspondeu ás expectativas
das oportunidades que tiveram e por isso as “organizações” desistiram dos
mesmos?
Sabemos também que o País está
envelhecendo, ou seja, a expectativa de vida aumentou; hoje, a média é em torno
dos 70 anos. O governo tem o “projeto para o limite de idade” para a aposentadoria
(segundo ele, se não houver este limite de idade, a classe mais jovem não
conseguirá ou aguentará pagar esta
conta), então porque somente vemos nas empresas
funcionários (empregados ou colaboradores, como queiram chama-los) abaixo dos
30 anos, principalmente nos departamentos de Recursos humanos (antigo deptº. pessoal), setores de recrutamento e seleção,
setor de contratação propriamente dito? Porque não fazer os mais velhos arcar
com a sua futura aposentadoria? Está confuso? Eu explico: Por que não abrir
empregos, vagas, oportunidades para a discriminada classe acima dos 50 anos?
Principalmente colocar nos setores de contratação, desde o recrutamento e a
seleção pessoas dessa idade para atender os candidatos? Mas vejam bem, essas
pessoas teriam que passar por um treinamento para aprender a respeitar os
candidatos de idades mais avançadas. Digo isso porque já senti na pele o “desrespeito”;
vou contar essa história:
Cansada de enviar tantos curriculuns pela internet e sem nenhuma
resposta positiva, resolvi partir para as agências de emprego pessoalmente. Chegando à
primeira agência, indaguei a jovem recepcionista por alguma vaga e, a resposta....
hum...no momento não temos nenhuma....mas pode deixar o seu curriculum; eu
entreguei, a recepcionista leu e perguntou: qual é a sua data de nascimento?
(naturalmente eu não a coloco no curriculum), eu informei e a moça falou que assim
que surgisse uma oportunidade, entraria em contato. Agradeci e parti para a
segunda agência.
Na segunda agência quem me
atendeu foi um senhor de 60 anos, fiz a mesma pergunta e entreguei o meu curriculum;
ele leu e falou “ahh você tem nível superior”, mas qual é a sua idade? Eu respondi,
58 anos (acabara de completar). Ele: você ainda é mais nova do que eu, pois já
tenho 60 anos e na “nossa idade empresa nenhuma nos emprega mais”, desculpe,
não quero te ofender, mas é a realidade. Claro que fiquei envergonhada e apenas
respondi: Nem por isso eu vou desistir de tentar encontrar um emprego; despedi-me e saí. Só
que esse senhor estava lá sentado em sua cadeira, empregado e deveria ser o gerente da tal agência e não
deveria me tratar dessa forma, deveria sim, me encorajar, e até tentar fazer
alguma coisa para me ajudar, mas preferiu me desiludir; ele me desrespeitou. É aqui que entra o “treinamento” que citei
acima, ensinar esses senhores que estão nesta posição, a jogar limpo e
honestamente com a sua classe etária (ou otária?).
Por que precisamos nos humilhar
tanto para os jovens ou velhos recrutadores e selecionadores? Se ainda temos
forças, coragem, disposição e interesse no trabalho e precisamos do emprego
para a nossa sobrevivência.
Eu fico revoltada com esta
postura da sociedade, que só aceita um “rostinho novo, sem rugas” para ser
recepcionista, para ser auxiliar administrativo, para ser um assistente
qualquer. Com as classes sindicais que em suas convenções coletivas, obrigam as
empresas (através de penalidades, como por exemplo, dobrar o aviso-prévio a
partir de determinada idade” a limitar a idade máxima para contratação de novos
empregados. Com os políticos (mais idosos atuantes e os candidatos que nem
sequer escrevem ou falam uma linha a esse respeito? Falam em melhor idade só
para programas sociais, ou seja, para aqueles que realmente não tem mais
condições de trabalhar. E a “melhor idade para aqueles que ainda precisam de
emprego, como fica? aumentando a pobreza, as doenças (porque sem emprego como
ser feliz?) Através dessa postura, estão barrando e afundando cada vez mais esta
classe que ainda pode fazer muito e para muitos. Com as empresas de telemarketing
que nunca limitavam idade, agora estão agindo com discriminação, não por causa
do seu “estatuto” mas porque seus recrutadores são mais novos, mais jovens, e
dão preferência para a turma da mesma idade. O pior de tudo isso é que tanto os senhores (como o da agência) e
esses mais jovens, estão tirando a nossa esperança, criando uma velhice
infeliz, sofredora, amargurada; com sentimento de que tudo que fizemos até agora,
não valeu de nada.
Por que, nós acima dos 50 anos,
não temos mais direito ao emprego? Se pela Lei não pode haver essa discriminação.
Nos concursos públicos, nos critérios de desempate, a preferência e para o maior
de 60 anos; nos vestibulares não há limite algum. Há também até a fila preferencial
nos lugares públicos.... Então por que não haver essa preferência por parte dos
empregadores”?
Eu estou desempregada a 2 anos e
precisarei trabalhar até os 65 anos para me aposentar; mas se eu não conseguir
uma oportunidade de emprego, como chegarei até lá? Fico indignada ainda mais com a minha própria cidade,
onde há muitas empresas de serviços, indústrias, comércios e que nada fazem para
nos ajudar, além das portarias nos receberem com educação. Entendeu porque a
mentalidade dessa gente precisa mudar? Se alguém souber onde estão os velhos
atuantes, respeitosos e conscientes senhores e senhoras, ou tiver alguma ideia, me avise, por favor!